domingo, 19 de setembro de 2010

Uma carta para o futuro


   Eu sei que algum dia estarei longe da minha sépia realidade, que nesse momento é ficar apenas aqui sentada escrevendo. Na verdade, eu não tenho total certeza, não posso afirmar que daqui a 5 minutos não estarei efetuando minha rotina noturna. Um banho quente, jantar qualquer coisa falsa o bastante para enganar o estômago, escovar os dentes e depois cair literalmente na cama, no sono mais profundo possível, capaz de me fazer esquecer as mágoas previsíveis que estarão por vir assim que sol raiar.
   Queria ter o poder de enxergar o futuro, e me precaver para os acontecimentos dele. Saber como agir... ou reagir, como chorar... ou sorrir, como gritar... ou engolir a seco. Queria saber se tudo o que sei até hoje é real, ou se apenas foi tudo uma utopia criada pelo meu subconsciente.

    Às vezes o medo me impede de tentar prever alguma coisa, então eu aciono o modo positividade. Modo que quase nunca funciona pra mim, desde que passei a encarar a vida, como uma simples etapa. Uma etapa com começo, meio e fim. Pra ser mais justa com todos os outros tantos bilhões de pessoas que passam por esta mesma etapa, diria que a vida nada mais é, que uma jornada. Muitos diriam que a vida se compara a uma viagem, onde  se conhece gente, lugares e até mesmo coisas de outro mundo, mas que tudo isso um dia se esvai. Como se a paisagem de um lugar turístico sumisse da memória ao longo do tempo.


    Eu passo tanto tempo escrevendo. Escrevo sobre tudo, sobre a morte do meu avô, sobre viagens que faço, sobre pessoas que amo, mas meu futuro, infelizmente não fui presenteada com o dom de podê-lo escrever, se bem que isso me renderiam boas páginas de tragédias, desilusões e emoções bem fortes, mas eu não teria paciência para ler, algumas das páginas eu posso psicografar automaticamente, graças a força que eu tenho de viver com a comodidade da minha auto-vivência, é tudo previsível demais para me despertar alguma vontade de querer saber o final, passando por todo o resto do livro. Posso simplesmente começar a ler a partir do último capítulo, ou da última folha. Mas não tenho coragem de sequer folhear, com medo de encontrar algo terrível demais que me faça querer voltar ao início e reescrever tudo.

    O que esta feito, nenhuma barra de
delete é capaz de apagar ou nenhuma escravatura seja em qual for a fonte, é capaz de redigitar.
Se o futuro fosse humano, e se não fosse nenhuma celebridade de Hollywood sem tempo para me ouvir, eu pediria encarecidamente que ele cuidasse bem das minhas últimas páginas e que fosse generoso pra pensar a respeito de um final feliz pra mim...Quem sabe?

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